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Sob o signo dos Jogos

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Odes
Píndaro
Quetzal
O grande cantor das proezas atléticas, na Antiguidade clássica, foi Píndaro (séc. VI-V a.C.), um dos mais aclamados poetas líricos gregos. Da sua vasta obra, só sobreviveram na totalidade as suas odes vitoriosas, ou epinikia, que celebram as façanhas dos campeões nos vários Jogos. Neste livro, com tradução e notas de António de Castro Caeiro, não estão as Odes Olímpicas (dos Jogos que se disputavam em honra de Zeus, na cidade de Olímpia) mas as 12 odes «para os vencedores nos Jogos Píticos» (disputados em Delfos, em honra de Apolo) mostram a mesma exaltação da ideia de triunfo, seja em Mégacles de Atenas («vencedor na quadriga»), em Aristómanes de Egina («vencedor na luta»), ou em Trasideu de Tebas («vencedor na corrida de rapazes de duas voltas ao estádio»). Só os derrotados, aqui, não merecem a glória do verso.

Correr
Jean Echenoz
Cavalo de Ferro
Chamavam-lhe a «locomotiva humana». Em Helsínquia (1952), inscreveu o seu nome na história do desporto mundial, ao tornar-se o primeiro – e único – fundista a vencer as medalhas de ouro dos 5.000 metros, 10.000 metros e maratona de uma mesma Olimpíada. Emil Zátopek parecia sempre em esforço, fazia caretas e esgares, o corpo assemelhava-se «a um mecanismo avariado, deslocado, doloroso», mas essa falta de elegância escondia um atleta exemplar. Neste romance curto, de escrita impecável, Echenoz traça o percurso do campeão checo, detendo-se na sua persistência e capacidades físicas quase sobrehumanas, mas sobretudo nas relações tensas com o governo socialista, dos aproveitamentos políticos que este fazia dos feitos desportivos ao controlo da sua vida e ao castigo final, pela ousadia de ter apoiado Dubcek durante a Primavera de Praga.

Cemitério de Pianos
José Luís Peixoto
Quetzal
Há precisamente cem anos, Francisco Lázaro, porta-estandarte de Portugal nos Jogos Olímpicos de Estocolmo, tornou-se uma espécie de mártir desportivo. Antes de começar a maratona, besuntou o corpo com sebo, tapando os poros e impedindo a transpiração, o que veio a revelar-se fatal num dia particularmente quente. Desidratado, caiu várias vezes, perto do quilómetro 30, até que não voltou a levantar-se. Este acontecimento é uma das linhas narrativas principais do romance de José Luís Peixoto, que narra em detalhe a prova, quilómetro a quilómetro, projectando o leitor para o corpo, para a cabeça, para a voz («Correr é estar absolutamente sozinho»), e, sobretudo, para o extremo sofrimento de Francisco Lázaro, até ao instante em que a escrita se desintegra, acompanhando o colapso de um homem levado, pela imprevidência, além dos seus limites.

Versos Olímpicos
José Ricardo Nunes
Deriva
Em 2008, ano das Olímpiadas de Pequim, o poeta José Ricardo Nunes escreveu um livro inteiro de «versos olímpicos», sobre os atletas que «sonham com o milagre / que lhes turva os olhos de glória» e o reverso – muitas vezes irónico ou melancólico – desse espectáculo maior de superação física e mental através do desporto, transmitido para todo o mundo pela TV. Os poemas mostram-nos, em plena acção, ginastas, saltadores à vara, halterofilistas, judocas, remadores, esgrimistas, etc. Assistimos as seus gestos mil vezes treinados, ao que há neles de heróico e de falível, às suas «pequenas glórias e desumanidades». Nesse esforço homérico dos outros, medalhado ou não, José Ricardo Nunes descobre subtis artes poéticas. E é sempre de si mesmo que fala, «sentado neste sofá suburbano / que treme à passagem do comboio».

Astérix nos Jogos Olímpicos
Albert Uderzo e René Goscinny
ASA
Num dos acampamentos romanos que cercam a inexpugnável aldeia dos gauleses, Claudius Cornedorus, um prodígio de força e músculos, prepara-se com afinco para os Jogos Olímpicos. Só podem participar atletas gregos e romanos, mas a dupla Astérix/Obélix decide partir para Olímpia. Afinal, se Júlio César conquistou a Gália, eles são oficialmente romanos. E, por uma vez, fazem-se valer desse estatuto. Acontece que a poção mágica é considerada ilegal (chamemos-lhe doping) e só Astérix pode entrar nas corridas. Os gregos são os melhores, mas o pequeno gaulês acaba por vencer uma palma na competição destinada aos romanos, em que os rivais acabam desclassificados (não resistem a ir beber ao caldeirão) e de língua azul. Vitória da astúcia sobre a cobiça? Sim. A bem dizer, os gauleses são bons é noutros desportos, como caçar javalis e afundar barcos de piratas.

[Textos publicados na revista Única, do jornal Expresso]


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